quarta-feira, 1 de abril de 2015



Depois de muito sonhar, ver casas e me imaginar nelas, olhar escolas e conseguir visualizar meu filho naqueles charmosos uniformes, depois de olhar passagens, ver várias formas de pagar menos e imaginar cada detalhe da nossa nova vida, eu cai na real.
Agora os pensamentos são outros e deixam na verdade de serem só pensamentos. Falta menos de um ano para nós irmos e a preocupação com dinheiro é constante. Por isso fizemos vários cortes de orçamento e nos limitamos a gastar o básico, pois a nossa meta é de R$ 50.000,00 para irmos tranquilo, sendo que 40.000,00 é o mínimo possível que podemos levar.
Então vou falar um pouco nesse post como foi que planejei os gastos que teremos por aproximadamente três meses em Manchester e como eu fiz o corte aqui em casa.

Planejamento:

Primeiramente sentamos eu e meu marido e conversamos sobre o que gastaríamos por lá. Eu como nunca coloquei meus pezinhos na Europa não sei nem mesmo quanto custa um café. Então juntamos a experiência de vida dele com o meu foco em planejamento.
Gastaríamos então com:

Transporte: O transporte pago mensalmente sai mais barato e dependendo de onde vamos morar, pagaremos quase nada. Mas separamos para esse item 300 libras (100 por mês).

Alimentação: Como sou exagerada, queria separar logo umas mil libras, mas meu marido não deixou, falou que seria demais. Separamos então 500,00 libras, que ele acha mais do que o suficiente.

Aluguel: Chegamos na parte dolorosa da coisa. Se você achou os dois primeiros itens caros, você terá que rever os seus planos, pois eles podem acabar sendo os mais baratos. O que pesa mesmo e todas as pessoas que estão pensando em se mudar para Europa estão cansadas de saber é o aluguel. Durante muito tempo ficamos olhando os valores dos alugueis em anúncios, mas muitos podem ser fraude e é melhor mesmo alugar quando você puder ver a casa pessoalmente. Fotos podem esconder milhões de defeitos que você não esteja disposta a aceitar. Enfim, eu gostaria muito de morar em um bairro mais afastado do centro, mais tranquilo, com uma boa escola (tudo vai ser decidido a partir da escola na verdade), mas meu marido quer morar o mais próximo possível do centro, por conta da comodidade. Sendo assim, vou fazer uma média dos aluguéis. Não podemos e não vamos pagar mais do que 500 libras por mês (isso sem contar água, energia, tv, council tax, etc, etc, etc). Levando em conta que você terá que desembolsar até os 3 primeiros meses adiantado, colocamos um valor de 2.000,00 libras. Pois diferente do que é no Brasil, você paga adiantado e esse valor vale para os outros meses (No Brasil temos o reembolso quando acaba o contrato se estiver tudo ok com a residência, ou algo assim). Então apesar de você ter que pagar tudo de uma vez, você ficará livre dessa conta pelos próximos meses.

Contas em geral: Para contas de internet, telefone, gás (se tiver que pagar), energia, água e council tax separamos um valor de 600 libras para os três meses e achamos o suficiente. Não vamos morar em uma casa muito grande e portanto não (espero) teremos muitos gastos.

Compras de roupas e coisas para casas: Para isso eu separei 1500 libras. Não podemos comprar nada caro, mas quero dar prioridade as roupas, pois vamos com uma criança de 4 anos e a qualidade nesse caso conta bastante. O que tiver que comprar para casa, sempre tem uns lugares mais em conta que você pode aproveitar.   

Carro: Vamos gastar até umas 600 libras com o carro, pois não podemos esbanjar também. Não tenho a mínima ideia dos gastos com taxas, seguros e etc. Mas vou colocar esse valor no extra.

Extras: 3.000,00 libras acho que é o suficiente. Se conseguirmos mais, ótimo. Caso contrário, 1.000,00 libras por mês para eventualidades é o suficente minha gente.

Passagens: Não vai ser um custo por lá, mas gosto de incluir tudo no orçamento para não ter nenhuma surpresa. Existe uma carteirinha internacional onde você consegue pagar meia (caso seja estudante ou tenha até 30 anos) nas passagens para vários países e claro que isso inclui a Inglaterra. O que é ótimo porque nosso filho já paga passagem, então pesa um pouquinho a mais no nosso bolso. Como temos toda a documentação necessária, não precisamos comprar passagem de volta, o que já ajuda. Existe um site (link do site) onde você vê o preço mais barato das passagens e a diferença de valores para três dias antes e três dias depois da data que você planeja ir. Você pode escolher em pagar em dólar ou libra. No nosso caso, apesar do dólar estar caríssimo ele ainda compensa mais do que a libra. As nossas passagens vão sair mais ou menos R$ 4.000,00.

Documentação: Para documentação não acredito que eu vá gastar mais do que 500 reais. Isso só na minha viu. O avô do meu marido vai pagar a renovação do passaporte do meu marido. Eu e meu filho (caso ele não consiga o passaporte europeu) só precisamos pedir o Family Permit e pedir o passaporte Brasileiro. De passaporte fica aproximadamente 250 reais para nós dois e os gastos que eu vou ter de resto é para mandar traduzir e juramentar minha certidão de casamento e o envio dos outros documentos. Quando eu for fazer isso, vai ter um post exclusivo.

Malas e bobagens: 500,00 reais e não se fala mais nisso. Com esse dinheiro vou comprar mala e o que mais for necessário, principalmente para meu filho. Não levaremos muitas coisas então só vamos comprar o básico do básico e deixar o resto pra comprar por lá.

Colocando em reais, com uma média de 4,9 a libra, fica assim:

Transporte: R$ 1.470,00
Alimentação: R$ 2.450,00
Aluguel: R$ 9.800,00
Contas em geral: R$ 2.940,00
Compras de roupas e coisas para casas: R$ 7.350,00
Carro: R$ 2.940,00
Extras: R$ 14.700,00
Passagens: R$ 4.000,00
Documentação: R$ 250,00
Malas e bobagens: R$ 500,00

Total: R$ 46.400,00 - Para levar para lá R$ 41.650,00 (teríamos que tirar de algumas coisas, mas ainda sim é um valor muito bom)

Muitas pessoas vão com 10 mil reais, 15 mil reais e passam bem, ainda mais quando conseguem emprego rápido. Mas no nosso caso, nós temos um filho e vários imprevistos podem surgir, portanto eu prefiro não arriscar e juntar o máximo de dinheiro que nós conseguirmos. Se você vai sozinho ou vão em casal e nada de filhos, esse valor pode ser abaixado drasticamente!
Agora se você quer saber como nós vamos fazer isso a regra é simples: disciplina.
É impossível para nós dois juntar dinheiro sem um planejamento (vulgo, eu pegando no pé dele). Então eu estipulei algumas regras para toda a casa e espero que seja de ajuda pra quem está pensando em como fazer isso.

1° Regra: Abrir uma conta poupança conjunta sem ter o cartão e só podendo sacar com os dois juntos. - Muitos vão pensar que é um absurdo, que se caso acontecer alguma coisa comigo e bla bla bla. Caso eu tenha algum problema de saúde e vice versa esse dinheiro poderá sim ser retirado, mas para o resto o pensamento é que esse dinheiro não existe na nossa vida. Não é o caso de "Amanhã a gente repõe esses 15 reais". NÃO NÃO NÃO. Esses 15 reais vão virar uma coca-cola e um salgadinho e sua conta nunca vai ver essa reposição.

2° Regra: Colocar um valor específico como se fosse uma conta fixa e ele é retirado automaticamente na data programada da minha conta corrente e passa para a conta poupança.

3° Regra: Estipular o valor gasto mensalmente e com o que ele será gastado. Por exemplo, na nossa casa eu estipulei R$ 25,00 por semana para diversão. Noooooossa, mas é muito pouco. Noooooossa eu sei, mas a gente tem que juntar 40 mil reais e todo o dinheiro não programado que você gasta no seu dia a dia poderia estar indo para sua poupança. Coisas como 10 minutos no banho; R$ 25,00 de carne por semana, adeus restaurantes (somente em caso de exceção mesmo e isso vai sair do dinheiro da diversão), olá almoço e janta em casa. R$ 60,00 de gasolina para a moto por mês e R$ 150,00 para eventualidades, afinal nós temos um filho. O resto do dinheiro é para as contas fixas (lembrando que a poupança é uma conta fixa). Além disso tudo, diminuimos o custo do celular, paramos de usar o telefone fixo, diminuimos no consumo de água e energia. No final isso faz uma diferença tremenda.

4° Regra: Não é o nosso caso, mas pode servir pra você: se você tiver mais de um cartão de crédito, quebre ele. Fique com apenas um, que pode ser útil na compra de passagens. Mas deixe ele restrito para coisas do tipo. Aqui em casa não temos cartão de crédito a quase quatro anos então estamos mais do que acostumados. Outra dica, caso você não queira quebrar para usá-lo no exterior é pedir um Visa Travel Money. Você compra a libra, por exemplo, e deposita no seu Travel Money, que é exatamente como um cartão de débito. A diferença é que na hora de pagar você não vai ter oscilação na taxa de câmbio. Se você comprou 5 mil libras, 5 mil libras você terá.

5° Regra: Foco. Quando você tem um objetivo e tem foco, ninguém pode te sabotar, nem mesmo você.

Espero que tenham gostado e assim que for surgindo novas aventuras nessa minha jornada, eu vou postando.

I see u soon.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

The Big Decision!


Eu, particularmente, venho querendo me mudar para a Europa a bastante tempo, desde antes do meu filho nascer. Não é uma decisão fácil e mais difícil ainda é preparar a vida por lá, por isso nessa época (com meus 16 anos) não passava de um sonho mesmo.
Quando fiz 17 anos, conheci meu (tão amado) marido. Nos conhecemos basicamente pela internet, pois tínhamos nos visto somente uma vez. Durante seis meses nosso relacionamento foi exclusivamente por msn e telefone. O motivo disso tudo é porque ele morava em Manchester (olha só o destino batendo na minha porta) e a nossa única forma de contato eram essas. Em junho de 2010 o Bruno veio embora de vez (em vez de me levar –‘) e nós continuamos com o nosso namoro até que tudo aconteceu: eu engravidei, nós casamos, começamos a trabalhar e ver o quanto é difícil dar uma vida boa, uma educação de qualidade e oferecer cultura para um filho.

De uns tempos pra cá começamos a discutir com mais intensidade essa vontade de sair do Brasil. Meu filho já esta com quatro anos e sua adaptação em um país diferente com uma língua diferente não seria tão difícil. Pra nós é primordial que ele tenha uma educação de primeira e por mais que nós nos esforçamos e pagamos uma escola particular, ainda não é o que queremos. Ano passado (2014) eu decidi mesmo que queria ir, mas nunca conversei isso com meu marido pois ele é simplesmente apaixonado pelo Brasil, apenas nutria esse sentimento e essa vontade dentro de mim.

A questão é que sou totalmente impulsiva e ansiosa e quanto mais eu guardo a vontade que eu tenho de fazer as coisas só pra mim, mais ansiosa e mais nervosa eu fico, portanto depois do carnaval resolvi colocar todas as cartas na mesa. Fiz muitas pesquisas pra isso, falei com amigas que moram fora, pesquisei regiões e preços de alugueis. Pesquisei trabalhos lá fora, escolas primárias, carro que teríamos que comprar e fiz uma cotação do que teríamos que levar, quanto gastaríamos, quanto tempo teríamos pra nos estabelecer e quando iríamos. Não pensem que foi fácil, mas pra mim foi extremamente prazeroso procurar casas e me imaginar morando nelas. Ver as escolas e poder visualizar meu filho vestido de terno e gravata falando um belo inglês e tudo isso me motivou a fazer um texto bastante explicativo e elaborado para meu marido, para que assim ele tivesse que achar bons motivos para negar nossa ida pra Manchester.
Por fim a reação dele foi completamente diferente do que eu esperava. Ele leu enquanto eu estava tomando banho (porque fiquei com vergonha dele ler na minha frente e achar que eu sou uma ridícula sonhadora) e quando terminei ele sentou comigo e conversou. De acordo com ele, esse é o sonho dele também e ele concorda com (quase) todos os pontos que eu coloquei. A forma como devemos juntar dinheiro, a data da nossa ida, o fato de irmos somente eu, ele e o nosso filho. A única coisa que ele não concordou foi sobre a minha faculdade, que eu tranquei.

Pra vocês entenderem melhor, eu estou no quarto período de direito e não tenho nenhuma vontade de continuar com o curso, apesar de ser apaixonada por ele. Não acredito na justiça brasileira, na verdade não acredito em quase nada no Brasil. Ou eu teria que passar em concurso, onde a pressão é tremenda, ou eu teria que trabalhar para bandido, para assim poder ganhar um bom dinheiro. Até a gente ir embora, eu vou estar no sexto período, por isso que pra mim não faz nenhuma diferença.
Então foi assim que chegamos a nossa decisão e agora eu estou super empolgada e olhando mil coisas que eu quero saber antes de ir, apesar dele me falar muito que eu só vou saber como que é a realidade inglesa quando eu morar lá. Eu não me importo, fico olhando do mesmo jeito. O próximo post vou fazer sobre as finanças... o que vamos economizar, como vamos fazer, do que precisamos e de quanto precisamos.

I see u soon!